Tudo ainda continua confuso,
Tem aquelas horas em que parece que esqueço,
Como se ele ainda estivesse aqui,
Só viajando,
Mas que fosse voltar a qualquer hora
E a gente se esbarrasse
E de repente estaríamos conversando sobre novos projetos
Ou dando sugestões de bons documentários um pro outro,
Sei que agora está sendo mais difícil,
Que, aos poucos,
A imagem dele vai sumir,
O cheiro dele vai desaparecer,
O som da voz dele se apagará dos meus ouvidos,
Mas agora...
Agora dói tanto,
Eu sei que vai passar,
Que daqui a um ano doerá menos
E daqui a dois anos menos ainda,
Depois a lembrança dele ficará cada vez mais remota
E quem sabe um dia não mais existirá,...
Nesse dia,
Outros, talvez, também já tenham ido embora,
E, se eu não for antes,
Começarei a fazer a lista daqueles que já partiram,
Mas isso é para depois,
Agora só existe essa saudade absurda
Que vai tomando conta
E a certeza de que nunca mais irei vê-lo,
Não haverá mais brincadeiras
Nem discussões na mesa de edição,
Nós não iremos mais para Pancas
E nem faremos matérias sobre esportes radicais,
A partir de agora
Não haverá mais motivo para fazer hora dentro do estúdio
E nem ir almoçar naqueles restaurantes do tipo “pé sujo”,
Agora ele não verá os novos equipamentos
E nós não mais faremos o nosso curta com o texto dele,
Agora nós não nos formaremos juntos
E nem encheremos a cara depois de receber o canudo,
Agora não teremos mais planos de novos projetos,
Não iremos mais ao cinema,
Não mais conversaremos no ponto de ônibus
E nem comemoraremos juntos o nosso aniversário,
A partir de agora
Ele não mais comentará sobre as meninas que passam pela ilha,
Não me ajudará quando eu estiver sem idéia para uma matéria
E nem me salvará quando eu tiver feito uma edição ruim,
Agora ele não mais reclamará do meu cigarro,
Não me olhará meio de lado
Quando eu falar sobre algum menino que eu esteja interessada
E nem ficará mais preocupado com os meus desmaios,
Não me dará bronca porque eu não almocei
E nem vai falar das novas fotos que ele tirou em Ilha Grande,
Agora eu tive de tirar o celular dele da memória do meu,
E não mais esperarei que ele me telefone,
A partir de agora
Não perguntarei a ele em que disciplinas estamos juntos
E nem sei mais se vou conseguir trabalhar no estúdio sem ele,
Agora eu não mais terei meu livro de fotos sobre o Rio
E nem as fitas que estavam com ele,
Agora eu não terei mais a alegria de saber que vou vê-lo todos os dias,
Não falarei as coisas que não foram ditas,
Não deixarei para conversar depois,
Agora não poderei mais dizer que o amava.
A partir de agora
Eu tenho menos um amigo,
... E se gasta tanto tempo para fazer um,...
Agora eu penso nele todos os dias,
Mas um dia,
Um dia
Ele terá sido apenas mais uma pessoa
Que passou pela minha vida
E me ensinou a ser uma pessoa melhor.
***
Devo ter escrito entre agosto e setembro de 2001.
Aug 6, '05 8:54 PM
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