Há alguns dias começou um probleminha meio chato nos meus ensaios. A questão é: pessoas que querem ensaiar mais e pessoas que querem ensaiar menos. Desde que eu faço teatro, e lá se vão uns 15 anos, me ensinaram que ENSAIAR mais nunca é demais. Sempre é preciso se aprimorar. Foi opção de vida mesmo. Troco qualquer coisa por um bom ensaio: namoros, saídas, viagens,... Já salvei amiga durante o ensaio, já marquei comemoração de aniversário às duas da manhã, já fui em sessão de cinema à meia-noite, porque era a única hora que podia estar com meu namorado, já deixei de passar o Natal com a minha família porque iria ensaiar entre o Natal e o Reveillon, já esqueci da existência do Carnaval, já perdi aniversários de amigos, almoços de família, cachoeira com namorado,... Tudo isso é absolutamente normal na minha vida. E não sei como seria se não existisse.
Pela primeira vez eu ouvi reclamações de que estávamos ensaiando demais. (Nunca ultrapassamos cinco horas diárias.) Realmente fiquei preocupada com essa geração que está começando agora a fazer teatro. É assustador que não se queira ensaiar e conseguir fazer um bom trabalho. Será que essa nova geração sabe quantas horas um esportista treina por dia? E o que diferencia um ator de um esportista? Não está cada um querendo quebrar suas próprias barreiras? Ultrapassar seus obstáculos? Sendo, preferencialmente, o teatro visto como esporte coletivo, jamais como esporte individual?
Claro que nesse meio todo, ainda tem aqueles que querem ensaiar, que ensaiam fora do horário, que te surpreendem a cada dia. Esses estão sempre buscando, procurando,... fazendo, enfim, o que todo ator, bom ator, deveria fazer. Por esses atores eu vejo que vale a pena continuar ensaiando essa peça, quando a única vontade é largar tudo e sumir, a ter de conviver com pessoas que podiam estar ali, na praia ou em casa dormindo, que não faria a menor diferença.
Jun 8, '05 12:10 PM
Nenhum comentário:
Postar um comentário