E eu disse que precisava saber o que o fez voltar e disseste que precisavas dizer-me o que o fez ir. E parecíamos ter medo da descoberta. Estávamos tão próximos do fim. Tu choravas como uma criança que deixou o sorvete cair no chão e, de repente, via-me forte como nunca achei que pudesse ser. Disse a ti que tinhas me ferido, que mulher, nem qualquer ser humano, precisava passar por aquilo. E tu ficaste calado. Olhando-me assustado. E viraste de costas como se fosse fugir. E eu tinha certeza de que tu irias. Mas resolveste ficar. Disseste-me então que nunca deveria ter partido, que viveu os piores anos de tua vida longe de mim. Mas neguei-me a cair, mais uma vez. Eu só queria que tu me falasses o motivo e mais nada. Depois, que fosse embora para sempre. E vieste com uma história comprida, de conhecimento de novos horizontes, medo de ser aquilo mesmo, de que realmente eu fosse a mulher da tua vida e outros blá blá blás. E enquanto tu me dizias isso, uma raiva imensa foi me corroendo por dentro. E eu passei a pensar o quanto era babaca por tê-lo esperado. Sim, não havia como negar, durante esses cinco anos só o que fiz foi esperá-lo, às vezes com amor, outras com ódio, mas na maioria, só por curiosidade mesmo. Mas ao mesmo tempo, em que te ouvia falar, toquei-me o quanto ainda o amava e comecei a ter vergonha de mim mesma por isso. Comecei a chorar e tu achaste que era alguma coisa que havias dito. Não, não tinha nada que pudesse falar que me faria chorar tanto o quanto já estava chorando. Pediste-me perdão novamente, enquanto eu vertia lágrimas por todo o meu ser. Era tanta coisa que precisava ser dita e nós não tínhamos a menor idéia de como deveríamos começar. Disseste-me coisas belas e tristes, mas em nenhum momento o que eu queria que tu me falasses. Sentei, enfim, na mesma cadeira em que estava quando partiste. Foi nesse exato momento em que te calaste. Finalmente percebeste o que acontecia. Disseste-me finalmente que era um covarde, que essa era a resposta por tudo o que havia feito. E, neste momento, eu já não tinha mais nenhuma força e tu me abraçaste e começamos a nos beijar enlouquecidamente, como se aquilo fosse a única saída existente para nós. E talvez fosse. E me levaste para a cama e transamos como a última vez para um condenado à morte. E fui repetidas vezes ao céu e te olhava como um sonho distante, desses além do fim do mundo. Depois do choro, o riso. Sentia-me tão leve,... Como uma pluma indo em direção ao sol se pondo. Adormecemos um no braço do outro, como nos tempos de antes. E acho que foi, neste momento, que algo mudou dentro de mim... Só o que te peço é que não venhas atrás de mim outra vez. Quando nós fechamos um ciclo de nossa vida é para sempre. Sem volta. Não sei se te entendo, nem sei porque voltaste agora, cada um sabe de si, a vida não é assim?
Aug 6, '05 9:40
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